Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro, reúne o antigo time de executivos para capacitar líderes dos mais diversos setores
Em 2018, quando vendeu a Ricardo Eletro para um grupo de investidores, Ricardo Nunes se despedia da empresa que havia iniciado três décadas antes com uma lojinha de 20m2 em sua cidade natal, Divinópolis (MG). Numa das mais fantásticas histórias de crescimento do varejo brasileiro, a rede chegou a ter 1.200 lojas, 45 mil funcionários e faturamento anual de R$ 12 bilhões.
Livre para pensar nos próximos passos profissionais, Ricardo planejava entrar no setor de supermercados. Até que veio a pandemia e tudo mudou. “Muitos empresários se viram em sérias dificuldades naquele período, e o que mais aparecia nas redes sociais era gente dando conselhos vazios”, ele lembra. “Ouvi tanta bobagem que comecei a me manifestar. Sentia que precisava ajudar aqueles empreendedores com a minha experiência.”
Diante da repercussão, surgiram incentivos para criar um negócio de educação empresarial. “Uma das pessoas que mais me impulsionaram nessa direção foi o Abilio Diniz. Ele disse que era um projeto que tinha tudo a ver comigo e que me faria muito feliz”, recorda o empreendedor.
Apoio de especialistas
Quando decidiu levar a ideia adiante, Ricardo não queria fazer de qualquer jeito: ao longo de oito meses, consultou dezenas de pastas com anotações – hábito que mantém desde o início da carreira – para construir o método RGV. O método guiaria as atividades do Grupo R1, criado para ajudar empreendedores a percorrer os caminhos já conhecidos por Ricardo.
A primeira imersão de 40 horas, concentrada em três dias, reuniu 15 empresários em São Paulo. Hoje, depois de três anos e meio, mais de 10 mil pessoas já passaram pela experiência. Turmas com 300 participantes são formadas a cada mês. O Grupo R1 cresceu 152% no ano passado e a projeção para 2025 é crescer mais 115%.
Os participantes da imersão são convidados a integrar o Clube R1, que oferece acompanhamento ao longo de um ano. A proposta é falar de tudo que ocupa e preocupa os empreendedores – não apenas as vendas, maior especialidade de Ricardo, mas também aspectos como processos, controles administrativos, gestão de pessoas, integração da cultura corporativa, tributos, marketing, entre muitos outros.
Para cobrir todos esses temas, ele trouxe para a equipe o irmão, Rodrigo, seu braço direito desde o início da Ricardo Eletro, e outros 12 executivos que fizeram parte do time que transformou a rede varejista em um grande sucesso.
“O Clube trata da implementação do Método RGV dentro da empresa, com todo o apoio necessário para que os empreendedores tomem decisões assertivas diante dos desafios do mercado”
Ricardo Nunes, Grupo R1
Resultados concretos
Não faltam cases de sucesso entre os participantes do Clube R1. Anderson Prieto, fundador e diretor da Tangram, que produz brindes personalizados sob encomenda de grandes empresas, viu o faturamento anual saltar de R$ 6 milhões para R$ 30 milhões desde que iniciou o contato com o R1, em 2022. Sob orientação do Método RGV, a empresa passou a explorar de forma mais ampla a relação com cada cliente e está se transformando em um ecossistema de produtos personalizados, o que inclui a ampliação da atuação para segmentos como peças gráficas, uniformes, comunicação visual e ativação de eventos.
“Vi uma palestra do Ricardo e fui conquistado pela sinceridade que ele transmitia. Sempre tinha exemplos práticos para ilustrar o que falava”, lembra Anderson, que se tornou um dos membros-fundadores do Clube R1 e continua associado, pelo quarto ano. “Ele e a equipe são muito acessíveis. Se permaneço no Clube, é por uma razão muito clara: a entrega de valor é enorme.”
Vânia Lira, diretora do Colégio Bal – instituição paulistana que vai do jardim de infância ao ensino médio, com ensino bilíngue –, também foi arrebatada pela energia de Ricardo ao ver uma palestra do empreendedor. Na sequência, decidiu fazer a imersão, algo que classifica como uma das melhores decisões que já tomou. “Ele oferece 30 anos de conhecimento em três dias. É incrível.”
O negócio começou há 20 anos, como um pequeno berçário, e foi ampliando as séries ofertadas à medida que crescia Eduarda, filha de Vânia. “A Duda foi a nossa cobaia”, brinca a mãe. E deu muito certo, já que hoje a escola tem 740 alunos e 160 funcionários, em três unidades estabelecidas na Freguesia do Ó, enquanto Eduarda está cursando Administração e Economia no Insper.
Ao associar-se ao Clube R1, Vânia percebeu que sua maior dificuldade à frente da escola era lidar com problemas de desempenho e de dedicação por parte dos funcionários. “Na educação, há uma certa tendência de criar laços, misturar o lado profissional com o pessoal”, ela descreve. “Além de todos os ensinamentos práticos, o Ricardo me disse algo que se tornou um mantra: ‘Criança faz o que gosta; adulto faz o que precisa ser feito’.” Resultado: 24% de crescimento na receita no ano passado.