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Com descentralização da inovação, tech hubs brasileiros ganham nova geografia

Polos emergentes fora do eixo Sul-Sudeste ganham destaque no cenário de startups da América Latina A fase atual dos tech hubs no país é marcada por uma descentralização do eixo Sul-Sudeste. Esses polos emergentes de inovação, que impulsionam as startups ao gerar conexões entre centros de pesquisa, universidades, corporações, incubadoras e investidores, ganham força pelo Brasil.

Uma das explicações para o desenvolvimento desses locais está justamente nas diferenças de atributos entre as regiões onde despontam. “Cada cidade possui características culturais e de empreendedorismo próprias e únicas para incentivar a inovação”, afirma Gabriel Silva Póvoa, analista de inovação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

As particularidades de perfis estão conectadas a interesses e formas de crescimento de cada hub, bem como aos tipos de negócio que impulsionam. São Paulo, por exemplo, ao concentrar bancos e profissionais da área, tornou-se um local propício para o surgimento de tech hubs estruturados pelas próprias instituições financeiras, interessadas em produzir fintechs e talentos que enriqueçam o setor. Em outros centros, o empurrão do poder público é crucial para que a inovação avance e atenda a demandas específicas, como a transformação do próprio município em cidade inteligente. É o que acontece em Belém.

Cidades como Florianópolis e Vitória contaram com incentivos fiscais e a instalação de indústrias de tecnologia. A capital catarinense, por sinal, é um dos polos que seguem o modelo de “ter à frente universidades e centros de inovação”, afirma Tony Chierighini, vice-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e diretor-executivo da incubadora Celta. “O crescimento da oferta de serviços de saúde e a força dos cursos da Unisul [Universidade do Sul de Santa Catarina] nessa área têm fomentado ações nos hubs para gerar tecnologia e mão de obra qualificada para o setor, direcionando a vocação do ecossistema local.” A cidade capixaba, por sua vez, se beneficia dos aportes do Fundo Soberano do Estado do Espírito Santo em startups de tecnologia.

Incentivos a negócios inovadores no país também partem de “aceleradoras locais e bancos de desenvolvimento regionais”, avalia Emanuel Hernandez, diretor de pesquisas da Lavca, associação para o investimento do capital privado que realizou o “2024 Latin American Startup Ecosystem Insights”.

Por esse relatório, Blumenau, Brasília, Campinas e Vitória figuram pela primeira vez no ranking de plataformas emergentes de startups, juntando-se a Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. O estudo considera cidades em que ao menos dez startups receberam aporte de venture capital nos últimos cinco anos. São Paulo é o principal e mais consolidado hub de toda a América Latina.

Economias locais
O “Global Startup Ecosystem Index 2024”, do StartupBlink, também destaca a existência de políticas públicas e organizações governamentais para a promoção do ecossistema de startups e a atração de investimentos no Brasil. O documento situa o país no 27º lugar do ranking mundial de nações mais relevantes para o universo das startups e referenda a ascensão de Curitiba e Porto Alegre como centros emergentes de hubs.

O crescimento de polos em localidades distintas traz benefícios de “acesso a diferentes pools de talento, desenvolvimento econômico e inclusão, abrindo portas para a diversidade cultural, econômica e social do país”, diz Grazi Mendes, head de diversidade e inclusão da consultoria ThoughtWorks.

“A diversificação geográfica fortalece as economias locais, gerando empregos, atraindo empreendedorismo e investimentos para as regiões”, considera. “Também permite que as soluções tecnológicas sejam criadas por pessoas que entendem as realidades específicas de suas localidades.”

Um exemplo notável dessa representatividade, segundo Mendes, é o parque tecnológico Porto Digital, de Recife. “Seu grande sucesso é a combinação de academia, governo e setor privado, tripé fundamental para impulsionar a inovação de forma sustentável.”
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Mapa da inovação

Belém
A capital paraense abriga desde 2010 o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, iniciativa do governo estadual e da Universidade Federal do Pará. Em 2022, a prefeitura criou um programa para promover políticas públicas de inclusão social e equilíbrio ecológico. O plano é consolidar o status de cidade inteligente, com transformação digital em setores como saúde e mobilidade urbana.

Belo Horizonte
Intensidade na cooperação define a capital mineira como berço tecnológico. Startups concentradas sobretudo no San Pedro Valley trocam informações e ações de capacitação. Grandes empresas, a exemplo do Google, firmam bases na cidade. Uma parceria que envolve governo, universidade e entidades como Sebrae e Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais deu origem ao Parque Tecnológico de Belo Horizonte.

Blumenau
A cidade segue o embalo catarinense na pegada tech. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação criaram a Rede Catarinense de Centros de Inovação, da qual faz parte o Centro de Inovação Blumenau, inaugurado em 2020. Nele fica uma incubadora de ponta, o Instituto Gene. Essas conexões facilitam o avanço de startups, principalmente em tecnologia da informação.
Hugo Vogel diz ter aprendido lições valiosas para sua edtech nas conversas informais com outros empreendedores

Mentorias de corredor

Tech hubs são celeiros de ideias não só nas mentorias. Essa foi uma lição que Hugo Vogel, 40 anos, CEO da Escudo, traduziu em mudanças em sua startup, que participa do Instituto Gene do Centro de Inovação Blumenau (CIB), hub na cidade catarinense.

O contato com pessoas de fora, afirma, “mostra aspectos que não vinham sendo considerados”. Uma das “provocações” veio de um orientador do instituto e, segundo ele, foi fundamental para seu empreendimento decolar. “Ele me instigou a ajustar o modelo, deixando de ser apenas uma plataforma de treinamentos obrigatórios de saúde e segurança do trabalho para assumir o papel de uma empresa de tecnologia educacional.”

O ano era 2019, seu primeiro no CIB e o segundo de operações da Escudo, uma spin-off da outra empresa de Vogel, a Evolke, de educação corporativa. A expertise do fundador, engenheiro com atuação na estruturação de manuais de operação nos padrões da comunidade europeia, o mobilizou a erguer a bandeira pelos treinamentos digitais para normas reguladoras.

Ao fundar a Escudo, adotou um método que tornava mais palatável o conteúdo árido dos temas, utilizando recursos como o da gamificação. Reforçar esse diferencial também impulsionou a startup.
As dicas em hubs, avalia, surgem muitas vezes em conversas informais no corredor ou durante o café. Essas ocasiões são propícias, inclusive, para aprender a partir de erros e acertos de outros empreendedores.
Os conselhos de pares o ajudaram a superar uma “fragilidade no sistema de cobrança”, que o levou a atingir R$ 1 milhão de inadimplência. “Outros fundadores recomendaram medidas como a diminuição do número de parcelas nas vendas a prazo.”

A edtech capacita hoje 20 mil pessoas por mês – em 2020, eram 100. O faturamento foi de R$ 10 milhões em 2023, e a estimativa é de R$ 13 milhões para 2024.

Brasília
O ecossistema da capital federal se fortalece com base em diversas frentes. Incentivos fiscais favorecem a instalação de indústrias que buscam parcerias com startups, e a proximidade de entidades governamentais impulsiona o surgimento de govtechs, com suas ferramentas voltadas ao poder público. O desenvolvimento de soluções também se dá na esteira do potencial de pesquisa e mentoria da Universidade de Brasília.
Gabrielle Rodrigues afirma que programas e mentorias de que participou abriram portas para novos negócios da edtech

Tilhas de conexões entre polos
Não é de hoje que Gabrielle Rodrigues, 27 anos, estabelece conexões. Antes mesmo de se formar em engenharia de produção na Universidade de Brasília (UnB), ela já participava do ProLíder, programa gratuito de formação de lideranças realizado pelo Instituto Four e que a levou para encontros no Insper, em São Paulo.
Na faculdade, surgiu a primeira ideia de negócio: um cartão de descontos em cursos de formação superior. Focando grupos minorizados de baixa renda, nasceu em 2021 a startup de impacto social Edumi, que constrói trilhas formativas visando à educação de jovens.

Naquele ano, a empresa ganhou o apoio do Start BSB, da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). A participação no programa rendeu R$ 112 mil, usados para contabilidade e divulgação. Além dos aprendizados com mentorias, como o de preparar um pitch, Rodrigues ressalta que o Start BSB foi “de suma importância” na geração de uma rede de conexões. “Boa parte dos projetos vem por indicações.”
Essa malha foi reforçada em outras cidades. Em 2022, por exemplo, o destino foi o Rio, para integrar o BNDES Garagem, voltado a negócios de impacto.

O programa foi uma “virada de chave”: “Lá, concluímos que deveríamos ser uma organização da sociedade civil e não uma sociedade limitada”. A justificativa está ligada ao objetivo estratégico de participar de editais e prestar serviços para entidades governamentais, além de constituir vantagem competitiva ao proporcionar incentivos fiscais às empresas contratantes.

No momento, a startup participa do NAV, iniciativa em Brasília do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que apoia startups com soluções para inovação.
O faturamento da Edumi esteve na casa dos R$ 50 mil em 2023, e a expectativa é fechar 2024 em R$ 100 mil e chegar a R$ 200 mil em 2025.

Campinas

A cidade paulista congrega players que encorpam o ecossistema de inovação: centros de pesquisa em telecomunicações, energia e materiais; empresas com poderio tecnológico; profissionais qualificados; incentivos tributários; e a Universidade Estadual de Campinas, que conta com uma agência de inovação, a Inova, e um Parque Científico e Tecnológico. A infraestrutura é aliada, com rodovias e o Aeroporto Internacional de Viracopos.
A conexão a um meio de conhecimento e pesquisa foi fundamental para as bases da govtech liderada por Raquel Cardamone

Bases universitárias para empreender
A efervescência de inovação da academia foi o berço da Bright Cities, criada em Campinas (SP) em 2018. A conexão a um meio de “conhecimento e pesquisa” foi fundamental para definir as bases do negócio, segundo a CEO e fundadora, Raquel Cardamone, 42 anos.

Tanto que, para montar, com dois sócios, sua startup de diagnóstico de eficiência de cidades e soluções com o objetivo de torná-las inteligentes, ela entrou em um mestrado sobre o tema na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2016. No campus, valeu-se da estrutura da Agência de Inovação da Unicamp (Inova) para desenvolver seu modelo de atuação.

Em 2021, a Bright Cities migrou para São Paulo. Lá, passou a integrar o hub BrazilLAB, espaço focado em govtechs (techs de inovação para a gestão pública), encontrando visibilidade e network. Como boa “filha da Unicamp”, manteve os laços com sua base, inclusive ao dar aulas, desde 2019, em um curso de smart cities.
Essa mudança de estudante para professora reforçou ainda mais uma das chancelas que cita como provenientes de seu elo com a universidade: a da credibilidade para promover e trabalhar o tema que abraçou. “Já conseguimos clientes pelo curso”, conta.

Imersa nessas frentes de networking e aceleração, a startup estima quase dobrar seu faturamento, de R$ 1,5 milhão em 2023 para R$ 2,8 milhões em 2024. Seus projetos no Brasil somam uma centena, além de três internacionais, na Arábia Saudita, nos Estados Unidos e em Portugal. Uma das conquistas das quais participou foi a da certificação de Jundiaí (SP) como cidade sustentável pela ABNT NBR ISO 37120, em 2023.
A empresa ainda não atuou em um plano para o município de origem, tido por Cardamone como polo de visão inovadora. “A própria Unicamp está crescendo nesse sentido, com iniciativas como o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.”

Curitiba
O conceito de cidade inteligente tem se instalado na capital paranaense, seja em eventos como o Smart City Expo, seja em parcerias entre setor público e startups em sistemas de gestão de infraestrutura. A inteligência artificial otimiza diversos serviços, caso do gerenciamento do trânsito. Parcerias com o setor privado impulsionam essas iniciativas. As empresas de base tecnológica, muitas no Vale do Pinhão, atraem talentos e investimentos.

Florianópolis
Há quase quatro décadas os investimentos na área digital começaram a ganhar corpo na ilha catarinense, com o surgimento de fundações e incubadoras com esse foco. Prefeitura e universidades fomentam iniciativas em inovação, alavancadas em complexos tecnológicos como o Sapiens Parque. Destacam-se projetos nas áreas de saúde, nanotecnologia, transformação digital, transição energética e agroindústria sustentável.

Fortaleza
A inovação parte do poder público, em programas de formação e capacitação em tecnologia. Não por acaso, edtechs povoam o mapa de startups da capital cearense. A infraestrutura favorece conexões entre soluções e negócios: cabos submarinos aportam na Praia do Futuro trazendo internet rápida da Europa. Em junho, o Ministério da Defesa assinou um acordo para criar o Centro de Pesquisa Tecnológica na Base Aérea de Fortaleza.
HRtech fundada por Erika e Paulo Pelaez optou por um centro de inovação para criar novas conexões e se posicionar no mercado

Espaço para o fortalecimento da marca
A capital cearense ganha, ano a ano, iniciativas ligadas à tecnologia para conectar empresas inovadoras. A lista inclui o Hub de Inovação do IEL Ceará, a comunidade de startups Rapadura Valley e o Ninna Hub (Núcleo de Inovação e Novos Negócios Aplicados). É nesse último que está abrigada a fortalezense Lovel, HRtech fundada em 2022 por Erika, 31 anos, e Paulo Pelaez, 30.

A presença no hub tem sido essencial para a Lovel, permitindo o fortalecimento da marca e a abertura de frentes de crescimento. Em janeiro, por exemplo, a startup ingressou no Black Founders Fund, programa do Google, ampliando suas oportunidades.

Ela cita dois motivos para justificar a escolha por um centro de tecnologia: “O primeiro foi estarmos próximos de outros founders que pudessem compartilhar suas histórias”. O segundo, complementa, “era a facilidade de conexões com investidores e mentorias, o que, sozinhos, talvez não conseguíssemos”.

No hub, ela paga uma mensalidade para uso de uma sala e acesso à internet. Outras facilidades surgem graças a parcerias do espaço com empresas. “Quando precisamos comprar um equipamento novo, conseguimos valores mais em conta com esses fornecedores.”

Segundo ela, a presença no local tem ajudado ainda a encorpar o portfólio de clientes da Lovel, HRtech que combina inteligência artificial e expertise de recrutadores da área de tecnologia para agilizar e tornar mais precisas as seleções de profissionais de tech. “Trocamos serviços com outras startups que conhecemos no Ninna, caso de uma desenvolvedora de chatbot”, diz.

Conexões como as do Ninna Hub e do Google são importantes, segundo ela, também para atrair talentos para o time, hoje com dez pessoas, e ampliar mercado. No biênio 2022/23, a empresa faturou R$ 1,5 milhão. Para 2024, a projeção é somar R$ 2 milhões nos três anos de vida do negócio.

Macapá
As startups operam em um cenário de criatividade e engajamento. As ideias inovadoras dos empreendedores locais, reunidos no Tucuju Valley, chamaram a atenção de entidades de outras regiões e atraíram investimentos dos governos estadual e federal. Os resultados incluem aportes de venture capital em negócios da capital amapaense e a hospedagem do Startup20, fórum de startups do G20, neste ano. Edtechs e economia verde são tendências.

Manaus
A proximidade da zona franca propicia o crescimento de um ecossistema para solucionar dores das indústrias. Incentivos como os da Lei de Informática contribuem para o fortalecimento dos projetos de tech na capital amazonense. Polos de inovação são impulsionados por laboratórios e avanços em tecnologia da informação e comunicação. Iniciativas nas áreas de saúde e beleza são beneficiadas por estudos ligados à biodiversidade local.

Porto Alegre
Aliança de universidades, pacto entre iniciativas públicas e privadas e existência de parques tecnológicos colocaram a cidade gaúcha entre as cinco capitais da América Latina com o ecossistema emergente mais promissor, segundo o “Global Startup Ecosystem Report 2023”. Fundado por grandes empresas, o Instituto Caldeira promove conexões e eventos. As vocações abrangem energia, meio ambiente, foodtechs e fintechs.

Recife
Nos anos 1970, profissionais de TI se formavam na Universidade Federal de Pernambuco. Nos 1990, incentivos públicos e privados entraram em ação para mantê-los no mercado local, culminando na criação, em 2000, do parque tecnológico Porto Digital. Com isso, empresas instalaram centros de pesquisa, atraindo investimentos na cidade. O ambiente gera projetos de economia criativa e de tecnologia da informação e da comunicação.

Rio de Janeiro
As iniciativas inovadoras da Cidade Maravilhosa se espraiam por soluções de eficiência energética, preservação ambiental e transformação digital, potencializadas por estarem na capital fluminense a sede de gigantes como Petrobras e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A agenda da inovação inclui eventos como o Web Summit Rio e o Porto Maravalley, hub tecnológico localizado na zona portuária.
Localização e parcerias abrem portas para os fundadores da beautytech, Yuri Han e Soon Hee Han, ganharem mercados nacional e estrangeiro

Cultivo da expertise em pesquisa
O acesso a centros de pesquisa e desenvolvimento e laboratórios de ponta é essencial para o negócio da Amakos, já que a beautytech se vale da biodiversidade amazônica para criar cosméticos com ativos biotecnológicos de origem natural. Associar-se ao Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide), em Manaus, foi, então, um movimento lógico de aceleração do empreendimento, em 2021.

No desbravamento dessa trilha, a startup também se juntou, neste ano, à Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio). “O Sebrae também nos tem ajudado bastante, como na participação da Beauty Fair [feira do setor de beleza], assim como a ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos], pois projetamos internacionalização”, diz o cofundador e diretor Yuri Han, 33 anos, que montou a empresa com sua tia, a pesquisadora sul-coreana Soon Hee Han, 66.

Os frutos das parcerias são colhidos de diversas maneiras. Um deles é na seara de gestão: “O Cide tem nos auxiliado com questões tributárias mais complexas”.

Jornadas de aprovações dos produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também são facilitadas pelas orientações de mentores. Mesmo a fabricação dos cosméticos é realizada na incubadora.
O ecossistema funciona como vitrine. “Acabamos participando de eventos e recebendo visitas como uma realizada por membros do G20”, conta Yuri. Contatos desse porte têm a mesma sintonia com a missão da startup: “Utilizar a força da bioeconomia para impactar o PIB do país, mantendo a floresta em pé e gerando renda para os povos da região”.

Até 2023, a empresa, que tem uma equipe de 12 pessoas – incluindo os sócios –, empreendia ações de MVP; seu faturamento esteve na faixa dos R$ 50 mil. Para este ano, a estimativa é atingir R$ 300 mil.

Salvador
A criatividade soteropolitana é reconhecida nas artes. Mas o caráter inventivo da capital baiana vai além: sua efervescência abarca as startups locais, que encontram soluções para problemas cotidianos. Saneamento, construção, transportes, agricultura familiar, saúde e educação são alguns dos segmentos em pauta, e novas zonas de interesse devem decolar com a implantação do Parque Tecnológico Espacial, projeto do governo federal.

São Paulo
É o principal ecossistema de startups da América Latina, segundo o StartupBlink. Quase metade (48%) das empresas brasileiras desse setor estão na capital paulista, com destaque para fintechs, dadas a disponibilidade de investimento e a pluralidade de aceleradoras, incubadoras, hubs de empreendedorismo e apoiadores públicos e privados. A malha promete se fortalecer com a criação do Distrito de Inovação do Estado de São Paulo.

Vitória
O poder público tem fortalecido a vocação tecnológica da capital capixaba. Em 2023, por exemplo, o governo do estado inaugurou o primeiro hub público de economia criativa e inovação do Espírito Santo, o Hub ES+. A rede local dispõe de espaços de aceleração, incubação e coworking. Os setores em alta incluem edtechs, fintechs e healthtechs, além de projetos para cafeicultura, construção civil, engenharia e cidades inteligentes.
Em suas andanças por hubs pelo país, Anderson Marcelo faz conexões com líderes sociais para expandir a atuação da logitech

Rotas públicas de aceleração do negócio

As corridas feitas pela Delivery das Favelas vão além das entregas que a logitech faz em 80 comunidades do Rio de Janeiro. Sua rota passou também por Vitória, em 2023, quando o fundador da empresa, Anderson Marcelo, 42 anos, participou do SEEDES, programa público do Espírito Santo de aceleração de startups.

No ponto capixaba do percurso, ele recebeu ajuda para “criar estratégias mais assertivas para escalar o negócio”. Um dos avanços foi a profissionalização de um conselho consultivo, com a definição de líderes regionais para aprimorar as operações nas favelas. Também foram adotadas novas práticas de marketing: “Passei a divulgar a empresa por meio de influenciadores e mídias locais, como rádios comunitárias”.

Em sua imersão em Vitória, o empreendedor estabeleceu conexões com líderes sociais. A partir desses contatos, pretende iniciar suas operações de delivery em comunidades do município. A expansão geográfica, por sinal, está em seu radar, “chegando ao Nordeste”.

O plano é atender 200 favelas até o fim deste ano e chegar a 600 em 2025. Para tanto, estuda leis de incentivo e busca investidores. Em suas prospecções, tem sido auxiliado pelo Sandbox.Rio, programa de validação de inovações para o sistema govech encabeçado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico do Rio de Janeiro.

O modelo de negócio da Delivery das Favelas visa impulsionar a economia local, estimulando pequenos estabelecimentos e empregando entregadores que vivem nessas regiões. Como parte de sua iniciativa social, a empresa também planeja oferecer cursos gratuitos para capacitar esses profissionais.
A logitech recebeu seu primeiro aporte, de investidores-anjo, em 2023, de R$ 170 mil. Neste ano, captou R$ 1,8 milhão via consultoria CA2. A meta, agora, é angariar R$ 2,5 milhões em uma nova rodada.

Fonte: Revista PEGN