A conveniência que esse serviço traz vem atraindo cada vez mais usuários. Saiba como atuar nesse negócio
O delivery ganhou protagonismo durante a pandemia: de comida, compras do supermercado e da farmácia, a roupas, cosméticos e diversos outros itens, tudo chegava em casa pelos prestadores de serviço de entregas. “O delivery teve papel fundamental naquele período ao permitir que as empresas continuassem operando, mantendo suas receitas e empregos”, afirma Jane Costa, analista de competitividade do Sebrae Nacional.
No pós-pandemia, o conforto, a flexibilidade e a comodidade de comprar produtos online e receber no endereço desejado continuaram sendo importantes para o consumidor. Costa explica que o delivery representa uma parte significativa do setor de serviços e contribui para a economia, especialmente ao estimular o consumo e gerar empregos – não apenas para os entregadores, mas também em setores relacionados, como bares e restaurantes, o comércio de uma forma geral, além de áreas como tecnologia e logística. “Além disso, incentiva a inovação como o desenvolvimento de plataformas e novos modelos de negócios”, opina.
De fato, os serviços de entrega movimentam os negócios. O estudo Consumer Insights, da Kantar, empresa global de pesquisa, estudos de mercado e consultoria, apontou que no primeiro semestre de 2024, o consumo fora das casas brasileiras seguiu acelerando em frequência (+ 13% em relação ao mesmo período do ano anterior) o que, consequentemente, gera mais ocasiões de consumo (+ 23%). De acordo com a pesquisa, o mercado de delivery é o principal responsável por esse incremento, porque viabiliza que mais pessoas consumam, inclusive com aumento de tíquete médio.
Ainda segundo o mesmo estudo da Kantar, o mercado de delivery vem abrindo espaço para outras dinâmicas como o consumo – principalmente de bebidas e alimentos – na casa de outras pessoas.
Quando se trata de delivery de comida, outro destaque é que, mesmo com a volta ao trabalho presencial, pedir o almoço em casa ou no trabalho continua em alta. A pesquisa Alimentação Hoje: a Visão do Consumidor, realizada em agosto de 2024 pela consultoria Galunion, mostrou que 44% dos entrevistados estão atuando na modalidade híbrida, uma oportunidade e tanto para o delivery. “O tempo é uma dimensão valiosa e, hoje, é a nova moeda”, afirma Simone Galante, fundadora da Galunion. Para ela, o consumidor pode economizar tempo tanto pedindo comida por serviço de entrega, quanto fazendo compras de supermercado online por conveniência, e isso o libera para realizar outras atividades.
Do lado do empreendedor, ao oferecer delivery ele amplia as chances de expandir seu alcance e aumentar vendas sem necessariamente precisar de mais espaço físico, por exemplo. “Ele permite atender um público maior, mesmo em regiões mais distantes, e a enfrentar a concorrência com outras empresas. Possibilita diversificar os canais de vendas e reduzir os impactos de possíveis oscilações na demanda no ponto físico”, resume Jane Costa.
Passo a passo para criar um delivery
A analista do Sebrae Nacional aponta os pontos mais importantes para ajudar você a tomar a decisão de montar o negócio e, depois, para implementá-lo:
Fase de pré-levantamento
– Pesquise o mercado: entenda qual é seu público-alvo, a concorrência e as necessidades específicas dos comerciantes da região.
– Estime os custos envolvidos na operação, como o com tecnologia (desenvolvimento de aplicativo ou plataforma), marketing e logística.
– Defina o modelo do negócio: decida se o serviço de delivery será próprio, controlado inteiramente pela sua empresa, ou terceirizado, caso em que deverá utilizar plataformas já existentes.
– Faça um plano de negócios: essa é uma “fotografia” que você precisa ter clara na cabeça e que ajuda a enxergar o que vai ser a empresa, seus objetivos e como fará para atingi-los.
Fase de implantação
– Formalize sua empresa: registre a empresa, definindo o tipo de negócio e obtendo as licenças necessárias. Contratar um contador de confiança facilita e agiliza esse processo.
– Crie a infraestrutura: você vai precisar de um ponto físico para concentrar e organizar os entregadores, eventualmente, armazenar produtos, e apoiar a operação.
– Busque a tecnologia: contrate um desenvolvedor para criar um aplicativo ou plataforma para gerenciar pedidos e entregas. Caso o investimento seja muito alto, considere começar utilizando plataformas terceirizadas. Depois, se preferir, migre para um sistema próprio. Em qualquer um dos casos, leve em conta que irá precisar de suporte de TI para manter o app ou a plataforma funcionando bem.
– Trabalhe o marketing: invista em campanhas digitais para atrair usuários. Faça parcerias com influenciadores e promoções de lançamento, como taxas reduzidas e brindes para o cliente aderir. Ofereça cupons de desconto e programa de fidelidade. Lembre-se – as redes sociais são essenciais para atrair consumidores.
– Monte a equipe: selecione profissionais com veículo próprio – bicicleta, moto ou carro. Decida se serão colaboradores diretos ou parceiros (PJ). Os entregadores podem ser pagos por entrega ou por hora. Muitos operam como PJ, mas isso depende da legislação local e do modelo de negócio. Peça orientação do seu contador.
– Foque na gestão de operações: implemente um sistema eficiente para realizar o rastreamento de pedidos, controle de entregas e gerenciamento de relacionamento com o cliente. Esse é o coração da operação. Se o esquema não funcionar direito, o negócio terá dificuldade para decolar.
– Defina como quer monetizar: normalmente as empresas de delivery cobram uma comissão sobre o valor da venda (10% a 30%) dos estabelecimentos parceiros. Sobre taxas de entrega, em geral, o cliente paga um valor que pode ser dividido com o entregador.
O outro lado do negócio: como escolher um delivery
Veja as recomendações da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e do Sebrae (Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas) para quem quer contratar um serviço de entrega para o estabelecimento. As dicas podem ser adaptadas e aplicadas para outros segmentos de negócios.
– Faça um plano de negócio detalhado para entender como essa operação vai funcionar e se faz sentido para a sua empresa. Questões para levar em conta: com quais produtos vai trabalhar; qual será o gasto para colocar o serviço de entrega em prática, como a aquisição de embalagens; que público pretende alcançar e em qual raio de entrega; seu negócio tem a infraestrutura para atender a essa demanda extra ou precisará de adaptações; qual a estimativa de entregas diárias, semanais, mensais e se vale a pena o custo-benefício.
– Estabeleça o cardápio que será contemplado no delivery. Ou a lista de produtos que pretende trabalhar nesse modelo. Entenda se a empresa que pretende contratar tem condições seguras de fazer entregas – por exemplo, se elas forem de produtos perecíveis, se possuem acomodações adequadas para o transporte.
– Escolha uma plataforma de delivery de acordo com a sua necessidade. Na sua pesquisa de fornecedores, considere a reputação deles; como serão feitas as vendas; se o estabelecimento terá ferramentas próprias ou de terceiros; como será o sistema de entregas. Saiba que os apps são uma ótima solução, mas alguns comércios têm o próprio sistema de entrega com um call center, entregadores e até mesmo um aplicativo próprio. Veja o que faz mais sentido para o seu negócio.
– Preste atenção aos termos do contrato: conheça quais taxas serão cobradas, como será o suporte à operação e se há garantias para imprevistos, como atrasos ou eventual perda de produtos.
Independentemente de qual for a escolha – montar uma operação de delivery ou contratar um serviço dessa natureza –, é importante ter em mente o mais importante de qualquer negócio: o cliente.
“Pense em como vai resolver a necessidade do consumidor da melhor maneira possível. Entenda em quais ocasiões ele costuma consumir aquele produto e como pode facilitar essa jornada. Esteja sempre atento ao cliente, ao mercado e às tendências nesse segmento. Uma bem atual é a personalização. Há vantagens reais em programas de fidelização, seja com cartão fidelidade, seja com clube de benefícios”, aponta Simone Galante.
Fonte: Revista PEGN