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Fundadores mais maduros e crescimento de empreendedores solo: o que diz o novo estudo da ACE Ventures

Segunda edição do Founders Overview buscou traçar o perfil dos líderes de startups no Brasil

A ACE Ventures, investidora de startups early stage, lança nesta segunda-feira (12/8) a segunda edição da pesquisa Founders Overview, realizada em parceria com o Sebrae Startups. O objetivo do estudo é traçar o perfil dos empreendedores na liderança das startups brasileiras, entender o grau de maturidade dos negócios e mapear tendências.

O levantamento consultou 891 empreendedores com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões. O perfil traçado mostra que, assim como no ano anterior, a maioria das pessoas fundadoras de startups no Brasil é homem (71,4%). Houve pequeno avanço na participação de mulheres – de 23,6% para 28%. A maior parte dos fundadores (53,75%) estudou em escola pública, mas no ensino superior a maioria se formou em instituições privadas (62,2%). Apenas 7,4% não cursaram faculdade.

O levantamento também trouxe números de diversidade geográfica. A região Sudeste segue sendo a casa para a maioria das startups, mas houve queda em comparação com o ano anterior: de 66,7% para 55%. Regiões Sul e Nordeste registraram crescimento no mapeamento: de 16,4% para 22,5% para o Sul e de 10,8% para 12,5% para o Nordeste.

Com o crescimento no uso da inteligência artificial, a ACE Ventures incluiu perguntas sobre o tema na pesquisa, questionando os participantes sobre o impacto da tecnologia na eficiência e no crescimento do negócio.

“O que leva a inovação a acontecer é a necessidade, e não tem pessoa mais necessitada do que um empreendedor começando do zero. Nossa hipótese é que empreendedores na primeira etapa serão os primeiros a aplicar a IA e extrair valor relevante para os negócios. Eles serão o termômetro de adoção da tecnologia e estamos tentando nos antecipar a isso”, aponta Pedro Carneiro, sócio da ACE Ventures.

Os setores com maior representatividade são edtech (8,75%), fintech (6,85%) e retailtech (5,95%). Cerca de 35% das respostas indicam startups de outras áreas, não definidas pela pesquisa.

Experiência prévia

A fotografia que a ACE Ventures fez do ecossistema brasileiro mostra que o cenário é bem diferente da ideia que temos de fundadores recém-formados empreendendo na garagem: a maioria dos participantes (35,3%) tem entre 35 e 44 anos, seguida pela faixa etária entre 45 e 54 anos (25,9%). O perfil mais jovem, entre 18 e 24 anos, representa menos de 4% dos respondentes.

Esse perfil mais maduro também é notado pela experiência profissional dos entrevistados. 44,5% decidiram empreender após trabalhar no mercado corporativo e 17,5% já haviam fundado empresas em outro setor. Apenas 8,4% se dizem ex-funcionários de startup.

Carneiro ressalta que esse número pode ser maior, uma vez que ex-colaboradores de empresas que começaram como startup, mas cresceram para se tornar grandes negócios, acabam considerando que vieram de corporações.

“Existe uma zona cinzenta sobre o que é startup e o que é corporação no Brasil, há uma dificuldade na nomenclatura. Enxergamos gente vinda de startups que cresceram ou de áreas de inovação das corporações, com uma mentalidade diferente”, afirma.

Mortalidade

O estudo mostra que em torno de 75% das startups entrevistadas foram fundadas nos últimos cinco anos, o que pode estar relacionado à mortalidade das empresas após esse período. Apenas 10% das participantes foram fundadas há 10 anos. Carneiro, da ACE Ventures, acredita que os números estão conectados à natureza das startups, mas que o fator geografia é relevante.

“Se fizéssemos esse mesmo cálculo em ecossistemas mais maduros, como Vale do Silício (EUA) e Israel, acho que seria ainda maior, com 80% de startups com menos de 3 anos. Eles têm o conceito de falhar rápido, testar, validar, levantar dinheiro e, se quebrar, partir pra outra. Aqui, temos empresas validando o modelo há anos, aquela coisa do brasileiro não desistir nunca”, opina.

Fundadores solo

Um caso de como a inteligência artificial auxilia na operação das startups pode ser exemplificado pelo crescimento de fundadores que iniciam os negócios sem sócios. Em comparação com o ano passado, houve crescimento no número dos que empreendem solo, de 21% para 32%.

Carneiro afirma que tirar um negócio do papel ficou mais fácil com a ajuda da tecnologia, que automatiza algumas tarefas, mas contar com sócios no futuro não deve ser descartado. “O que sempre impediu a fundação solo era o volume de trabalho e a falta de tempo para colocar tudo no ar. Esse número pode significar que mais pessoas estão experimentando e começando sozinhas, mas, conforme o negócio cresce, precisam encontrar quem vai abraçar o risco junto”, pontua.

M&A e bootstrap

66,8% dos participantes afirmaram que pretendem vender a startup no futuro, com a maioria (37,3%) indicando que isso deve acontecer em cinco anos. 32,8% estão do lado oposto e declararam que não pretendem participar de um M&A no futuro – na edição de 2023, essa era a visão de 21,3% dos respondentes. Cerca de 70% das startups não receberam investimento externo e seguem em bootstrapping.

“O brasileiro tem uma relação emocional com os negócios, somos o país do empreendedorismo por necessidade, por sobrevivência. Nos Estados Unidos é algo mais transacional, pensam em que negócio precisam criar para conseguir levantar milhões. Vendem e vão pra próxima. Aqui existe um grande apego ao que construiu, às pessoas”, finaliza.

Fonte: Revista PEGN