O metaverso é, entre outras coisas, uma realidade aumentada em 3D que combina diversos ambientes virtuais. Lá, é possível viajar, trabalhar ou ir a uma festa sem sair de casa. O movimento das companhias em direção ao metaverso está revolucionando o mercado e as marcas, de olho neste cenário, estão utilizando cada vez mais este recurso como uma forma de se reinventar.
Com esse novo mundo em realidade virtual, também é possível criar e aperfeiçoar avatares que são o reflexo do usuário, mas em um universo totalmente digital. Algumas marcas já adotaram essa nova tendência e estão utilizando a tecnologia para se aproximarem mais dos seus consumidores, sem a necessidade de usar uma pessoa física como garoto ou garota propaganda.
Para explicar a potência que os influenciadores se tornarão em breve e a importância de se olhar mais de perto para este cenário, o Startupi entrevistou Ricardo Tavares, CEO da Biobots, startup que desenvolve e gerencia influenciadores virtuais e Pedro Alvim, gerente sênior de marca e redes sociais do Magalu.
A integração de um influenciador virtual com o mundo real
Entre os influenciadores virtuais mais famosos do Brasil está a Satiko, inspirada na apresentadora Sabrina Sato. A personagem já soma quase 30 mil seguidores nas redes sociais e, recentemente, ganhou um apartamento. “A Satiko, comprou um espaço físico, que tem endereço no mundo real”, comenta Ricardo Tavares. “No apartamento dela terão as coisas que um influenciador gosta: porta-retratos, cozinha, decoração de acordo com o gosto dela”, diz.
O espaço no mundo físico servirá também para que a influenciadora virtual interaja com pessoas de carne e osso. “Existirá a interação virtual dela com alguns convidados, em eventos. Nós temos o cuidado de não manter o lugar vazio, porque sabemos que muitas pessoas estão procurando um lugar para morar”, diz o executivo. O espaço poderá ser alugado, para que pessoas reais tenham a experiência de se hospedarem no apartamento de uma influenciadora virtual.
Para Ricardo, os influenciadores virtuais não precisam, necessariamente, estar conectados a uma marca, já que o conceito do metaverso é mais complexo que isso. “Quando falamos de influencer vinculado a marca, acreditamos [como Biobots] que quem dita as tendências desse mercado, hoje, é a comunidade cripto, e ela é o oposto disso. Os conceitos que regem esse mercado são gestão de comunidade e a descentralização”, diz. Para ele, “a descentralização é justamente a desvinculação à marca, ou seja, é a comunidade discutindo e decidindo. Então as comunidades de sucesso formadoras de opinião vão querer, em um futuro próximo — se seguirem as tendências que estão acontecendo no mercado americano —, se desvincular das marcas e criar a sua própria.”
Influenciadores virtuais x Influenciadores digitais
Os influenciadores digitais se tornaram tendência, juntamente com o Youtube e Instagram. Falar sobre moda, maquiagem, games, estudos ou até mesmo sobre a rotina do dia a dia se tornou algo que as pessoas gostam de acompanhar, por se identificarem de alguma forma com aquele influenciador. Poderiam então os influenciadores virtuais competirem ou tomarem o lugar dos influenciadores “reais”?
Segundo Ricardo, a resposta vai muito além de um sim ou não. “ Eles vão ao mesmo tempo que concorrer, se complementar, porque muitos deles são derivados de comunidades já consolidadas com os próprios influencers reais. A única diferença é que nessa nova plataforma de interação, não será a pessoa física que estará e sim a virtual.”
Muitas marcas fecham parceria e utilizam a imagem de uma terceira pessoa para fazer marketing. Agora, com esses novos influenciadores virtuais, as empresas podem criar o seu próprio influenciador. Assim, questionamento que fica é: será que as personalidades virtuais conseguem influenciar da mesma forma que uma personalidade física?
O CEO acredita que sim, e afirma ainda que, para o público, os avatares virtuais podem ter muito mais utilidade que apenas um “rosto virtual”. “Hoje, um terço das roupas que são compradas pela internet são devolvidas, principalmente porque a compra não se adequou bem ao corpo da pessoa. Como um avatar pode ter as mesmas medidas que o corpo real do usuário, será possível experimentar as roupas virtualmente e descobrir o que fica bom ou não. Então essa tendência ajuda a economia e a sustentabilidade, porque não haverá tantas devoluções, por exemplo.”
Ricardo, deixa claro que é importante para as startups adotarem essa nova ferramenta tecnológica, porque ela é uma realidade, e sobre fazer uma boa publicidade utilizando os influencers virtuais ele diz que “a boa publicidade vem de uma boa gestão de comunidade, de um bom desenvolvimento de personalidade do personagem que você está construindo. Então tudo depende de como você vai gerenciar a sua comunidade.” conclui.
Maior influenciadora virtual do mundo é brasileira
Pedro Alvim, gerente sênior de marca e redes sociais do Magalu, comenta como surgiu a ideia de criar a Lu: “A nossa influenciadora virtual foi criada em 2003, pelo Frederico Trajano, nosso atual CEO, com o objetivo de humanizar a experiência de compra no nosso e-commerce, estreitando a relação dos clientes com a marca através de todos os seus conteúdos explicativos no site. O seu papel foi evoluindo ao longo dos anos e, hoje, a Lu passou a ser porta voz da marca. Ela tangibiliza nossos valores e posicionamento da empresa. A Lu é quem explica e defende nossas causas publicamente, além de ativar todo o nosso ecossistema.”
Recentemente a Lu, tornou- se a influenciadora virtual mais seguida do mundo. Sobre o sucesso obtido com o avatar, o diretor expressa a sua satisfação: “A Lu foi a primeira manifestação de influência virtual dentro de uma marca, globalmente. Já estudávamos a manifestação de influência virtual em outros países e contextos, mas não havia um benchmarking de como isso poderia funcionar dentro de uma marca. Considero que boas narrativas atraem a atenção das pessoas”, diz. “A Lu tem a capacidade de construir boas histórias e conquistar essa atenção e identificação. O número de seguidores demonstra o interesse das pessoas pela personagem e pela marca, mas não é o único indicador de sucesso que analisamos e acompanhamos.”
Por trás das redes, a Lu tem um time de estrategistas que constroem as suas narrativas, definem suas pautas e constroem as suas comunidades diariamente. Pedro explica detalhadamente como funcionam as ativações de marcas que estão conectadas com a influenciadora. “Atualmente, o Magalu tem uma área chamada MagaluAds, dedicada a monetizar as marcas dentro da companhia, como o Steal The Look, Jovem Nerd e Canaltech, que já são plataformas de conteúdo e fazem parte do ecossistema Magalu. O Ads também cuida da publicidade da Lu e a oferece como estratégia de conteúdo para marcas e produtos. Por exemplo, ela faz propaganda de diversos produtos vendidos no Superapp Magalu de eletrodomésticos a cosméticos, além de ser modelo da Vista Magalu, nossa marca própria de moda. Os projetos com a Lu são gerenciados como se ela fosse um influencer real, considerando a cocriação com marcas parceiras e análise de resultados.” finaliza.
Fonte: Startupi