O administrador Vitor Torres e o cientista da computação Fábio Bacarin abriram o próprio escritório de contabilidade em 2014. Mas esse escritório tinha nada de tradicional: o atendimento era completamente online, e uma boa parte das atividades do contador era automatizada. A ideia acabou se tornando a startup Contabilizei – e realmente saiu do papel.
Hoje, a Contabilizei atende mais de 30 mil empreendedores. Também conquistou mais de R$ 500 milhões com grandes investidores, como o Banco Mundial, o Goldman Sachs e o conglomerado de telecomunicações SoftBank. Torres fala sobre o começo difícil, o crescimento e os próximos passos da Contabilizei no episódio 127 do podcast Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube ou em áudio nas plataformas ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
“Você não sabe quanto tempo você tem para validar, em quanto tempo ele vai gerar um caixa que permita o seu primeiro salário. Então, foi um tudo ou nada com planejamento financeiro de 12 a 13 meses para a gente [no começo da Contabilizei]. Tínhamos que dar o nosso melhor nesse tempo”, contou o cofundador e CEO da Contabilizei no podcast. “As pessoas perguntavam: ‘e se não der certo?’. Bom, a única coisa que eu teria seria a tranquilidade de dizer que eu tentei meu melhor, meu máximo”. Confira alguns trechos da conversa com Vitor Torres:
Do Zero Ao Topo – Você passou três anos servindo no Exército. Quais foram as lições de empreendedorismo que você tirou desse período para a sua vida como empreendedor? Você já mencionou ter de lidar com oficiais de várias idades e patentes, por exemplo.
Vitor Torres – Além dessa lição, também tem a do espírito de equipe. De entender que cada um tem o seu talento, e que não existe pessoa perfeita. Às vezes, a gente vive num romantismo, num idealismo. Quando procuramos pessoas, a gente faz uma lista, uma job description, e queremos que a pessoa seja um Super-Homem ou uma Mulher-Maravilha. Mas isso não existe.
Você entender os talentos de cada pessoa e potencializá-los dentro do time, entendendo também quais já são os talentos do seu time e como todos se complementam, é o pulo do gato. (…) Sem pedigree: não somos formados na faculdade X, Y ou Z, mas cada um traz algo importante para a mesa.
(…) A capacidade de identificar, valorizar talentos e transformar isso em alavanca para o time foi algo que eu aprendi lá no quartel. Você tem que entender quais são os recursos que você tem. Cada um tem uma especialidade, e você tem que jogar com essas especialidades dependendo do momento que você está vivendo, do terreno em que você está e por qual dificuldade você está passando.
O começo da Contabilizei não foi fácil. Você não era contador, tampouco desevolvedor. Não tinha muito capital para colocar o negócio em pé. E a sua segunda filha estava para nascer. Como você lidou com esse começo?
Foi bem difícil, e se eu não tivesse minha família para me ancorar e me ajudar… A gente quebrou o porquinho lá em casa. Pegamos todas as economias e víamos que eu tinha 12, 13 meses de economia para me sustentar e fazer a Contabilizei dar certo. (…) Minha segunda filha estava nascendo. Quando você está com uma startup, ela é uma outra filha. Obviamente, eu passei muito mais tempo com essa outra filha do que com a minha filha natural. É o grande investimento que fazemos, de economia e de tempo. É um momento difícil de escolha.
Todo mundo te julga por você deixar seu porto seguro, seu salário. Mas, se você quer empreender, você precisa se planejar. Você não sabe quanto tempo você tem para validar, em quanto tempo ele vai gerar um caixa que permita o seu primeiro salário. Então, foi um tudo ou nada com planejamento financeiro de 12 a 13 meses para a gente. Tínhamos que dar o nosso melhor nesse tempo. As pessoas perguntavam: “e se não der certo?”. Bom, a única coisa que eu teria seria a tranquilidade de dizer que eu tentei meu melhor, meu máximo.
A gente falou sobre a sua trajetória, mas você também testemunhou a trajetória dos mais de 30 mil empreendedores que a Contabilizei atende. Qual é o maior erro que você vê empreendedores cometendo?
Quando ele mistura as contas de pessoa física e jurídica. Ele transaciona as contas da empresa na pessoa física e acaba misturando o que é lucro e o que é pró-labore. É importante que o empreendedor separe as contas. Que tenha o fluxo de caixa com os relatórios contábeis da empresa, e também o fluxo de caixa como pessoa.
(…) Essa mistura tem um caminho só: o da falência. De não conseguir pagar as contas e morrer. O empresário precisa ter a disciplina financeira de registrar o que é cada gasto, olhar o fluxo de caixa e entender que ele é rei. Não importa quanto você está faturando, importa quanto você tem em caixa para honrar as dívidas.
Toda semana uma nova história de sucesso no mundo dos negócios:
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio. O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar; David Neeleman, fundador da Azul; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário; Sebastião Bonfim, criador da Centauro; e Edgard Corona, da rede Smart Fit.
Fonte: Infomoney